29 de fev. de 2008

As Esplêndidas Jóias do Faraó Tutankamon


Fotos: Museu Egípcio do Cairo



A sensacional descoberta da tumba do faraó Tutankamon - 18ª Dinastia revelou os fabulosos tesouros que acompanhavam o soberano egípcio durante sua vida e após sua morte, assim como o alto grau de excelência dos ourives egípcios. Este tesouro está, desde a sua descoberta no início do século passado, no Museu Egípcio do Cairo e representa a maior coleção em objetos de ouro e jóias do mundo.

O sarcófago onde fica a múmia foi feito inteiramente em ouro e esta está coberta com uma enorme quantidade de jóias. Muitas outras jóias foram encontradas em caixas e baús em outras salas da tumba. Os diademas, anéis, colares, peitorais, amuletos, pendentes, braceletes e brincos são de uma qualidade técnica e decorativa altíssimas, raramente igualadas na história da joalheria. Os ornamentos encontrados na tumba de Tutankamon são típicos e maravilhosos exemplares das jóias egípcias. A perpetuação da iconografia e de princípios cromáticos deu à joalheria do antigo Egito – que permaneceu longo tempo sem ser influenciada por outras civilizações - uma magnífica e sólida homogeneidade, enriquecida pelas mágicas crenças religiosas.

Um dos mais esplêndidos menat feitos para o faraó é o que combina a representação da deusa-serpente Wadjet com a deusa-abutre Nekhbet. Desenhos e figuras foram criados a partir de minúsculas gemas esculpidas individualmente e inseridas em células, formadas por fios de ouro ligados a uma base plana de ouro - técnica conhecida como inlay. A jóia, assim como todos os menats, é composta por compridas fileiras de minúsculas gemas e contas artisticamente esculpidas, e nos elaborados fechos a decoração repete elementos de design constantes na peça principal. Estes colares iam de ombro a ombro, por cima do peito. As deidades protetoras Wadjet e Nekhbet representam o Baixo e o Alto Egito e também adornam a testa da máscara mortuária de Tutancâmon.

Uma grande quantidade de asas de falcões, abutres, escaravelhos e também deidades femininas está representada nas jóias do faraó, talvez não só por causa da simbologia inerente destas representações, mas também porque permitiam aos artesãos criações maravilhosas na composição de cores e figuras. Vários pares de brincos foram encontrados na tumba do rei, apesar de que durante o período em que Tutankamon viveu os homens considerados adultos não usavam brincos. Os brincos encontrados são grandes, e eram usados em orelhas furadas num diâmetro mais largo do que se usa hoje em dia. Os furos nas orelhas da máscara mortuária do faraó são proeminentes, mas estes foram cobertos com discos de ouro em vez de brincos, já que Tutankamon havia chegado à idade adulta antes da sua morte.

Como a maioria das jóias encontradas na sua tumba, assim também os braceletes são peças altamente elaboradas e com desenhos intrincados, devido à variedade de motivos complexos. Grandes escaravelhos, projetando-se para fora da superfície do bracelete, eram comuns à maior parte dos ornamentos de braço: além de ser um poderoso símbolo egípcio de regeneração e renascimento, o escaravelho também consta em um dos cinco nomes de Tutankamon. A tumba do faraó é a única a ter escapado aos ladrões de tumba que apareceram ao longo dos séculos no Egito. Os tesouros que a tumba contém atestam a imensa riqueza das cortes dos antigos faraós e são testemunhas mudas do quanto se perdeu na arte e na ourivesaria egípcias. Se, e de acordo com a História, Tutankamon não foi um dos faraós mais importantes a governar o país, então só podemos imaginar os tesouros em jóias que teriam pertencido aos mais poderosos governantes do antigo Egito.

18 de fev. de 2008

Marie Antoinette ( Maria Antonieta) e o Caso do Colar de Diamantes

Maria Antonieta retratada por Vigée LeBrun



Colar de Diamantes




A paixão por jóias (principalmente adornadas com diamantes e pérolas) da rainha da França Maria Antonieta, nascida arquiduquesa austríaca é bem conhecida. Com um gosto bastante diferente das suas duas últimas antecessoras no trono francês - a polonesa Maria Leckzinska e a espanhola Maria Teresa da Áustria, várias jóias pertencentes à Coroa Real da França tiveram que ser modificadas para ela durante seu reinado.

Em maio de 1770, quando a jovem austríaca de 14 anos chegou à França, trouxe na sua enorme e luxuosa bagagem um anel magnífico contendo como única gema um diamante azul-acinzentado em forma de coração pesando 5,46 quilates. O anel pertencia à coleção particular de Maria Antonieta e, somente em 1791, após seu aprisionamento pelos membros da Revolução, passou a ser guardado no Garde Meuble (edificação situada na Place de La Concorde, em Paris e onde era depositado todo o acervo da Coroa francesa).

Por volta de 1780 foram intensificados os boatos maldosos contra Maria Antonieta, acusando-a de dissipação, vícios sexuais e extravagância. Por ser estrangeira e austríaca – os Habsburgos austríacos detinham enorme poder na Europa de então e tinham sido por séculos inimigos da casa reinante francesa - os franceses, principalmente os que eram já a favor de um regime diferente de governo que não o do Absolutismo, sempre tentaram difamar a rainha através de panfletos obscenos e folhetins vendidos e distribuídos pelas ruas da cidade de Paris. A inclinação de Maria Antonieta pelo luxo (era amante das artes e favoreceu, com seu patrocínio, as porcelanas feitas na cidade de Sévres, pintores, músicos e atores), pelos penteados extravagantes e vestidos caros, além do favoritismo por um grupo seleto de amigos e por uma total inadequação à política, não contribuiu em nada para que os boatos diminuíssem.

O que ficou conhecido como “O Caso do Colar de Diamantes” e desgastou enormemente a imagem de Maria Antonieta perante seus súditos, criou-se a partir de pessoas com situações totalmente díspares: a ambiciosa Madame de Lamotte - empobrecida Valois descendente longínqua de antigos reis franceses querendo uma posição na corte de Versalhes, o pervertido, rico e perigoso príncipe De Rohan – Cardeal da França por quem a rainha nutria uma enorme antipatia e desconfiança, e o desesperado joalheiro Boehmer - que tinha em mãos um fabuloso e caríssimo colar de diamante originalmente confeccionado para que Luís XV, avô e antecessor de Luís XVI, marido de Maria Antonieta, desse como um presente a sua última amante, Madame Du Barry.

Sem ter acesso direto à rainha, mas usando de sua boa aparência e uma grande dose de charme, Madame de Lamotte conseguiu atrair a atenção do cardeal e do joalheiro, convencendo-os de que tinha uma relação estreita com Maria Antonieta e que esta queria comprar o colar. Imensamente desejoso de voltar a fazer parte do círculo íntimo de cortesãos à volta de Maria Antonieta, o cardeal deixou-se convencer e pegou o colar com o joalheiro, convencendo Boehmer de que ele, cardeal, faria com que a rainha comprasse o colar.

Usando uma prostituta que lembrava Maria Antonieta, Madame de Lamotte marcou vários encontros entre o cardeal e a falsa rainha à noite, nos jardins perto do Templo do Amor em Versalhes, onde corriam boatos de que a verdadeira rainha se encontrava ali com amantes. Nesses encontros, o cardeal foi iludido de que seria recebido por Maria Antonieta novamente em seu círculo íntimo e assim, deu para a intrigante Madame o colar, para que esta o fizesse chegar discretamente às mãos da rainha.

Quando o joalheiro Boehmer visitou a rainha e solicitou que o colar lhe fosse pago, a confusão instalou-se. Luís XVI e Maria Antonieta ficaram a par de todos os detalhes, e o desagrado de Maria Antonieta quanto ao cardeal transformou-se em ódio. O rei apoiou a esposa mandando prender o cardeal - ocupante do mais alto posto católico na França - em público, em frente de toda a corte de Versalhes. Além do vexame da prisão, a rainha queria vingança e o cardeal foi então submetido a um julgamento pelo Parlamento de Paris.

O julgamento foi uma sensação durante meses e muita roupa suja da corte de Versalhes foi lavada em público. O resultado foi um desastre para a rainha e contaria muitos anos depois como mais uma prova contra ela, quando do seu “julgamento” pelos membros revolucionários da Convenção Nacional.

No final, os nobres que compunham o Parlamento francês inocentaram o poderoso cardeal De Rohan de qualquer insulto premeditado à rainha e, ainda pior, fizeram constar em ata que, dada à má reputação de Maria Antonieta - desde muitos anos que a rainha era vítima dos famosos libelos, o equivalente em nossos dias aos tablóides; estes circulavam livremente por Paris e cidades francesas importantes e eram lidos por representantes de várias classes sociais - ela era merecedora de que o cardeal tivesse sido levado a crer que receberia favores amorosos em troca de um colar de diamantes.

Mas condenaram Madame de Lamotte à prisão e a marcaram a ferro com o V (voleur) de ladra. Porém, um tempo depois, ela consegue escapar da prisão e se refugia na Inglaterra. De lá, faz circular milhares de folhetins onde conta falsamente que era amante da rainha e que tudo não passou de um grande divertimento para Maria Antonieta, e que esta teria ficado com o colar de diamantes, o que é absolutamente falso.

Em outubro de 1793, pouco tempo antes da sua execução, Maria Antonieta deu o magnífico anel com o diamante azul-acinzentado à princesa Lubomirska, uma de suas amigas mais íntimas. Com a morte da princesa anos depois, a sua imensa fortuna e jóias foram divididas entre quatro filhas, três das quais casadas com membros de uma família aristocrata polonesa, os Potocki.

Em 1955, o anel pode ser apreciado pelo público em Versalhes por ocasião da exibição “Maria Antonieta, Arquiduquesa, Delfina e Rainha”. Em 1983, a casa de leilões Christie’s colocou o anel à venda.

Na década de 1950-60 muitos joalheiros e negociantes de gemas norte-americanos foram para a Europa comprar jóias antigas pertencentes a famílias que tinham perdido tudo durante a Segunda Guerra Mundial. Van Cleef, Cartier e Harry Winston estavam entre eles. Mas somente as gemas os interessavam, já que o design das jóias tinha se modernizado e ninguém mais se interessava pelos estilos antigos. As gemas, principalmente diamantes, rubis e safiras, foram retiradas das antigas peças e enviadas para serem lapidadas em novas formas, porém algumas peças de joalheria compradas por Harry Winston foram vendidas como estavam para clientes colecionadores de jóias antigas, como Marjorie Merriweather Post que, mais tarde, doou um substancial número delas para o Museu Smithsonian, situado em Washington, EUA. Dentre as jóias doadas, estava um par de brincos em diamantes pertencentes à Maria Antonieta.

Personagem da História com perfil antipático, considerada merecedora da morte na guilhotina durante os últimos séculos, Maria Antonieta começou a ter sua biografia revista no início do século XXI.

Criada em uma corte católica e tendo como mãe a imperial - em todos os sentidos - Maria Tereza da Áustria, teve o seu casamento com o Delfim francês Luís Augusto (mais tarde Luís XVI) acordado entre França e Áustria como um movimento importante no sentido de promover um relaxamento das tensões entre os dois países, que se enfrentaram na Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) e que pelos dois séculos seguintes continuaram a ser antagonistas.

Maria Antonieta desde o início foi odiada pelos cortesãos de Versalhes, e não soube se posicionar politicamente (sua imperial mãe a queria como defensora dos interesses austríacos na França e os franceses a queriam longe da esfera do poder de então), preferindo - talvez por ser parte de sua personalidade, mas também e certamente tendo suas ações motivadas pela não consumação do seu casamento por longos sete anos (período em que enfrentou pressões dos dois países para que gerasse um herdeiro ao trono da França, quando na verdade só lhe cabia “metade da culpa” pelo fracasso matrimonial que sofria) e pela ausência total das amigas de infância austríacas, mandadas de volta assim que a arquiduquesa pisou pela primeira vez em solo francês - uma vida onde os vestidos, sapatos, penteados e as frivolidades da Corte francesa tinham preponderância.
Quando se tornou mãe (quatro filhos, dois mortos em tenra idade), passou a se mostrar mais amadurecida e preocupada com o que ocorria a sua volta. Infelizmente, não conseguiu reverter a imagem negativa que detinha perante a Corte e principalmente o povo, martirizado por invernos rigorosos e conseqüentes colheitas muito fracas, mas principalmente vítima do enorme déficit criado pelo apoio financeiro francês à guerra por independência das colônias inglesas contra a Inglaterra e que culminaram com o surgimento dos Estados Unidos da América do Norte.
Com um marido fraco e sem o perfil para ser rei de um país como a França de então, a rainha foi aprisionada juntamente com sua família, primeiro no palácio das Tulherias, depois no antigo palácio do Templo e finalmente na Conciergerie, de onde saiu aos 38 anos de idade para a guilhotina.

Usada durante todo seu processo como bode expiatório pelos agentes da Revolução Francesa teve, contudo, uma conduta digna em todos os momentos em que passou presa e inclusive no seu “julgamento” (já estava previamente condenada). Morreu completamente entristecida pela morte do marido (a quem não amava, mas respeitava) e, mais ainda, pelo fato de seu único filho homem sobrevivente, o Delfim Luís, lhe ter sido tirado das mãos quando ainda na prisão no Templo e ter servido de peça acusatória contra a própria mãe, acusando-a de incesto, o que jamais ocorreu e que a devastou.

Maria Antonieta passou seus últimos dias em situação de profunda e miserável humilhação, mas na hora de sua morte enfrentou o final da vida com coragem e serenidade, porque o que mais lhe dizia ao coração ela já havia perdido totalmente: o convívio com a sua pequena família e, principalmente, sua proximidade com os dois filhos, Maria Tereza e Luís.

13 de fev. de 2008

As Jóias de La Paiva

Foto Reuters


Nascida em um gueto judeu moscovita da Rússia de 1819, Esther Lachman, dita Thérèse Lachman, ascendeu socialmente na França de Napoleão III como cortesã. Época chamada de Período Dourado pelos que a vivenciaram, a Europa sem guerras a partir de 1815 viu chegar uma era de prosperidade, tanto na economia e na ciência quanto nas diversas formas de artes. Tal prosperidade não era mais somente um privilégio da classe nobre, mas se estendeu também às novas fortunas surgidas com a Revolução Industrial e que usavam as extravagâncias do luxo como forma de demonstrar poder.

Contemporânea de outra famosa cortesã, Alphonsine Duplessis, imortalizada por Dumas como a Dama das Camélias, era tida como de uma beleza exótica (cabelos negros emoldurando um rosto de traços mongóis), esperta, incrivelmente ambiciosa e sem escrúpulos e foi em Paris que Thérèse desenvolveu sua paixão pelo luxo e por jóias. Casada aos 17 anos com um peleteiro de nome Antoine Villoing, com ele teve um filho, mas logo se cansou da vida simples de mulher de um pequeno comerciante de peles e os abandonou para viver e trabalhar em um bordel de luxo no Marais que tinha como clientes, dentre outros artistas, ricos comerciantes e nobres, o compositor Richard Wagner.

Em três anos, Thérèse já possuía vários vestidos luxuosos, algumas jóias e peles, dadas de presente pelo seu amante mais apaixonado, o inglês Lord Stanley. Com a morte do primeiro marido, passou a procurar um segundo e o encontrou na pessoa do marquês português Albino Francisco de Paiva Araújo, que não imaginava exatamente o movimentado passado amoroso da agora marquesa de Paiva, ou La Paiva, como Thérèse passou a ser conhecida na sociedade. Frustrado e com vergonha ao saber de detalhes do passado da esposa suicidou-se com um tiro em 1872.

Era então hora de partir para o terceiro marido e La Paiva casou-se então com o conde prussiano Guido Henkel Von Donnersmarck, imensamente rico, de família da alta nobreza e amigo do imperador alemão, além de 11 anos mais moço. Como condessa, apesar da sociedade parisiense jamais ter cruzado os umbrais dos belíssimos portões da mansão do conde na Avenida Champs Elysée, Thérèse finalmente atingiu o patamar máximo da sua ambição e passou a desfrutar de todos os luxos ainda não desfrutados.

Tornou-se uma das mais assíduas clientes da Maison Boucheron e entre 1878 e 1883 fez exatamente 30 visitas, nas quais adquiria gemas que depois entregava a própria Maison para que fosse feitas jóias de acordo com seu gosto, ou então comprava várias peças prontas de uma só vez. Uma de suas mais memoráveis aquisições aconteceu em 1882, quando comprou por 157.000 francos (em valores da época) pérolas, esmeraldas, rubis e safiras, para no dia seguinte voltar à Boucheron e encomendar a montagem de várias jóias, dentre as quais um bracelete decorado com três grandes esmeraldas, uma rivière contendo 12 diamantes e 13 rubis e outra contendo 15 diamantes lapidados em brilhante e 15 esmeraldas em lapidação esmeralda, esta última levada à leilão na Christie`s de Genebra, Suíça, em 15 de novembro de 2007, e arrematada por 1.900.000,00 Euros.

La Paiva morreu em 1884, aos 64 anos, no castelo de seu marido, em Neudeck, Alemanha. Em 1887, o conde casa-se novamente, desta vez com uma jovem aristocrata russa, Katharina Slepzow, a quem oferta a maior parte das jóias pertencentes à primeira esposa. Surpreendente enquanto viva, Thérèse não deixou de surpreender também depois de morta: seu corpo, embalsamado numa solução alcoólica dentro de um enorme jarro de vidro, foi descoberto pela segunda esposa do Conde Von Donnersmarck num quarto que permanecia há anos fechado à chave, dentro do castelo. Conta-se que o conde ficava trancado por horas dentro do quarto, chorando a morte da primeira esposa.

6 de fev. de 2008

O Tesouro de Guarrazar

Foto Museu Arqueológico Nacional da Espanha


O tesouro de Guarrazar foi encontrado na Espanha no final do século XIX, em Guadamur, perto de Toledo, em 1858, quando uma chuva forte descobriu algumas tumbas antigas escondidas e seladas em concreto. Dentro delas, estava o maior tesouro visigodo encontrado na Península Ibérica.
Datadas do século VII, as jóias e peças encontradas exemplificam a maestria dos ourives visigodos. O tesouro é formado por coroas, cruzes e vários objetos. As coroas e as cruzes, feitas em ouro e decoradas em padrões simétricos com esmaltação cloisonné, possuem gemas lapidadas em cabochon: safiras, granadas, pérolas, madrepérolas, ametistas rosa, calcedônias, quartzos brancos, esmeraldas e também contas de vidro.
As jóias demonstram o sofisticado estilo que confirma as relações de comércio dos visigodos com os bizantinos. As correntes de ouro que sustentam coroas e cruzes sugerem que eram usadas em rituais religiosos e também podiam ter sido oferendas votivas de reis visigodos, nobres e bispos.
Infelizmente, grande parte das jóias de Guarrazar foi vendida e derretida e em 1921, a coroa do rei Suintila foi roubada em Madrid. Ainda assim, o tesouro atualmente inclui a coroa votiva do rei Recceswinth, que reinou de 652 a 672, dez coroas menores, nove cruzes, 16 pendentes, correntes e partes de objetos variados e está distribuído por três museus europeus: o Museu Arqueológico Nacional e o Museu do Palácio Real, ambos em Madrid, Espanha e o Museu Nacional da Idade Média (Musée de Cluny), em Paris, França.
Não existe nenhuma documentação que precise a data do tesouro de Guarrazar. Entretanto, a razão mais provável para os objetos preciosos terem sido guardados nas tumbas pode ter sido a chegada dos mouros (árabes) à Península Ibérica no início do século VIII. Em 711, o rei visigodo Roderick (710-711) foi vencido em batalha na região de Guadalete. Dois anos depois, uma enorme parte da Península estava submissa ao Islã e passava agora a se chamar Al-Andaluz.